19 de mar. de 2009

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco - Recife)

¨Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se

encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto

plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o

artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas

com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco

átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios

de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O

substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem

ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se

insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as

reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

  

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o

substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco

tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador

recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára

justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão

verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram

alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave

e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo

para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele

começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu

forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos

os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

  

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo

seu ditongo crescente: abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que

nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise

quando ela confessou que ainda era vírgula ele não perdeu o ritmo e

sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.

  

É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente

oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela

totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias,

parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns

minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto,

ia tomando conta.

  

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era

um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome

do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a

porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele

tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois,

que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e

exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica,

ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e

declarou o seu particípio na história.

  

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora

por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu

adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem

comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois,

com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado

para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o

ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma

mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de

um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria

com um complemento verbal no artigo feminino.

  

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido

depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto

final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo,

jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua

portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa

conclusiva."

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